Um Momento de Reflexão por STP - Um espaço ao dispor de todos os amigos de STP

sábado, agosto 19, 2006

MEU CARO AMIGO JUSTINO


Carta ao Justino Veiga, Ministro da Justiça de S. Tomé e Príncipe

Eu sei, não te surpreende esta minha disposição. Hoje és membro de um governo. És ministro, personalidade pública, logo, uma função eminentemente política. Não é a primeira vez que a ocupas. Da primeira vez que foste ministro, assim como desta vez, respondendo o pedido/apelo de Fradique de Menezes, os nossos amigos sussurraram essa tua simulada mudança súbita. Entendi não enviar-te recado algum. Compreendi. Com os amigos conversam-se cara-a-cara. Para além de amigo és o meu advogado – não me esqueci. Agora não, porque és ministro, também sei.

Sei, como é hábito no nosso país, cada vez que ocupamos uma função de realce, devido tantos afazeres, esquecemos das pessoas amigas, dos mais próximos. Sei, que os que têm a pretensão de ser-se político aqui em STP, há que ter duas agendas. Uma agenda para quando não ocupamos funções de notoriedade, onde anotamos os contactos de amigos todos. Outra, enquanto políticos (não sendo proximidade das eleições) onde notificamos os contactos de pessoas importantes como nós. Justino amigo, não sou rico como sabes, a única riqueza que tenho e que por ela luto é a liberdade. Não te escrevo para falar de nós (tu e eu). Porque tu e eu somos menos importante que o nosso país – STP, somos aquém do sofrimento do povo o qual fazemos parte. Alias, porque desejamos a liberdade, justiça, ou melhor, para ser mais rápido, a democracia para o nosso país. Motivo central e único como compatriotas, da nossa amizade. Sim, é de STP que gostaria poder falar-te, já que estás numa situação privilegiada como nunca. És governante de um país, o qual a Presidência da República, a Assembleia e o governo é uma mesma verdade. Tem naturalmente vantagens mas, muito mais detrimento para a democracia. E tu como jurista o sabes.

Depreendo que terás muita dificuldade em te fazer atingir. Lembro, dos comentários que fizemos sobre: a distribuição de terras; funcionamento dos serviços públicos, onde os funcionários deixaram de saber desde que trovoadismo agonizante introduzir-se no país, que a sua missão é servir o cidadão e não por documento que se pretende adquirir ou tratar-se há que pagar por “portas de cavalo”; falcatruas documentais; a progressão geométrica de “auto-intitulação” de doutores e engenheiros sem que algum organismo público capacitado prove, o que põe em causa a seriedade do Estado e a desqualificação académica; falta de saneamento básico do meio; construções desordenadas; ausências de qualificação e ordenamento do território; mentiras sobre cólera e outras como forma de alguns supostos técnicos conseguirem uns projectos onde “rolam” dólares e/ou euros; ausências de água potável e energia eléctrica nos hospitais e escolas; monopolização inconveniente e obtuso de bens do Estado; transformação do país em quinta de alguns; inexistência de debates de ideias; venda ao desbarato do país aos bocados; autoritarismo, usurpação e abuso do poder e muitas outras que sabes bem melhor que eu. Sei, o governo o qual és membro tem individualidades sobre as quais, muito há por esclarecer e que, por regra e princípio, não deviam lá estar. Sei, estes valores, os da democracia não são bem vindas ao nosso país. Sei, é assim como nos partidos políticos do nosso país sem os quais não há democracia representativa.

Calculo, porque me conheces que “engoles muitos sapos”. Sei, tal como MLSTP/PSD perdeu o norte, após muitos sarapatéis decidiu apoiar um candidato não eleito pelos seus militantes e suicidou-se. Sei, o Movimento para Defesa de Fradique de Menezes intitulado de MDFM não está imune a uma derrota breve se não mudar de como observar STP. Sei, só agora um alto dirigente do ADI, que segundo se diz, como é hábito no nosso país, esteve envolvido em tratantadas financeiras no regime colonial-facista, foi membro do bureau político do MLSTP durante a ditadura, reconhece demagogicamente após a sua derrota na última eleição presidencial que não vale a batota, não vale o banho. Espero, tudo que falamos, tudo que manifestaste como cidadão sãotomense antes de seres ministro não caiam hoje em saco roto Justino.

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