Um Momento de Reflexão por STP - Um espaço ao dispor de todos os amigos de STP

quinta-feira, abril 19, 2007

Assunto: Implementação da Tecnologia Eólica em S. Tomé e Príncipe

Caro Eng.º Aguinaldo Garrido de Ceita

Aceite as minhas sinceras felicitações pela sua atitude e interesse referente ao assunto em título. Isto é, uma vez que se trata de uma matéria superiormente relevante no processo de desenvolvimento do nosso país, como faz notar implicitamente no seu artigo, é pertinente e oportuna a sua discussão pública. Não é obviamente esse o modelo que se segue no nosso país, não é claramente a estrutura mental dos que dirigem o nosso país, apesar de sermos e de nos intitularmos de uma República Democrática. Quer dizer, não é usual no nosso país discutir publicamente projectos/ideias nacionais, regionais ou outros. Salvo a campanha do banho! As decisões são tomadas em gabinetes por incompetentes e amorais, tecnocratas sem sentido de comunidade e é tudo. Veja-se a base americana em nome de voz de América. As consequências são conhecidas por todos nós. Também não é de esperar o contrário, na medida em que, estes projectos têm um único fim – criação de parasitas urbanos. Caro Eng., porque me parece mais viável esta troca de pontos de vista pública que se segue por um lado e, por outro, porque sou colaborador da Revista “O Parvo” fica o meu desafio, utilizando o seu direito de resposta nessa revista, se assim o entender.

Estimado Eng., como exprimiu brevemente no seu documento/artigo com a consentiria da Universidade Lusíada de STP, embora não poluentes, as chamadas energias alternativas não estão isentas de impactos negativos na natureza. Claro que, um complexo hidroeléctrico de grande dimensão ou um parque eólico comprometem seriamente o ambiente das zonas onde estão implantados. Pois, sem qualquer pretensão em cálculo aritmético/matemático à partida, uma mera especulação teórica com base em estudos disponíveis, parecem sugerir que, para igualar a produção de uma central eléctrica média (não é o nosso caso, obviamente) são necessários aproximadamente 1000 geradores eólicos ou 5 Km2 de painéis solares. Porque a deferência aqui, é a energia eólica, sabe-se que, tendencialmente existe entre outros, o preconceito dos que afirmam cooperar com o chamado terceiro mundo, caso do nosso país, propor, sugerir e executar soluções para sérios problemas e dificuldades nacionais a moda de socorrismo. Isto é, tipo bombeiro, inicialmente o projecto ou a ideia aparenta baixo custo mas a posteriori as consequências são arrasadoras. A omissão de opção metodológica é consequente.

Há imensos exemplos destes no nosso país, quer na saúde, educação, alimentação, habitação, “industria” comércio e outros. Reconheço que é muito mais barato o investimento na solução energia eólica. Em contrapartida, tem-se a questão do impacto visual que parece difícil de avaliar, efeito de sombras em movimento e reflexões intermitentes, assistência/manutenção das turbinas ou geradores, emissão de ruídos nos aerogeradores, localização dos parques em determinadas zonas que parece ter que se preservar (fauna, flora e leitos/corredores freáticos aquando da escavação profunda de terrenos), a grande possibilidade dos aerogeradores poderem reflectir as ondas electromagnéticas, a sua durabilidade espaço-temporal, segurança das pessoas, a sua manutenção, entre outras. A minha visão, do senso comum, indica-me que, o nosso país não tem vento suficiente para o fim delineado. Ora, apesar de mudanças climáticas, parece que não é repreensível dizer-se que STP tem sol 12h/dia e 365dias/ano. Pelo que se sabe, o sol irradia sobre a terra anualmente algo equivalente a 10 mil vezes a energia consumida pela população mundial no mesmo período. Logo, temos essa prerrogativa no nosso país. As características do nosso país, ou se quiser, a chamada arquitectura bioclimática de STP parecem apontar que a solução mais indicada seria energia solar, apesar de inicialmente o investimento ser bastante elevado. É habitual dizer-se que o barato fica caro. Parece que o impacto ambiental que se conhece dessa forma de energia restringir-se a matéria-prima necessária para a construção dos painéis fotovoltaicos.

O custo de energia gerada através de sistemas eólicos parece bastante elevada comparativamente a energia solar, quando cuidadosamente examinada, particularmente para o nosso país. Temos sol e através dele não criamos problemas ambientais, não precisamos nem de turbinas ou geradores para a produção de energia eléctrica. É certo que o seu investimento exige alto custo inicial, mas compensa. Teoricamente, é possível aproveitar a energia das correntes do oceano que nos refresca mas na prática, a energia necessária para construir, colocar e manter uma turbina para o efeito, poderia exceder aquela que dali adviria. A energia através dos sistemas fotovoltaicos é de fácil manutenção (apenas é necessário proceder-se periodicamente à sua limpeza), a possibilidade de armazenar a electricidade gerada em baterias, os impactos são relativamente reduzidos. Mas, antes meu caro Eng. Aguinaldo Garrido, uma coisa parece decisiva, a Assembleia e o governo têm que decidir legislar nessa matéria, porque ao contrário, será mais um espectáculo como a chamada cidade saudável, construções desordenadas e indisciplinadas em todo lado, inexistência de um plano de urbanização e qualificação do território, entrega de terrenos aos nacionais que por vias obscuras são vendidos aos estrangeiros, contrariando o que explicita a nossa Constituição. É assim porque Somos Sãotomenses.


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